Nome: Patrícia Morais
Idade: 25
Quais os teus principais interesses? Música, Assuntos Europeus, Relações Internacionais, Turismo, Marketing, Estratégia.
Formação académica (curso, ano, universidade): Estudos Europeus, 2013, Universidade de Coimbra
Qual a razão da escolha deste curso? Desde cedo que o interesse pela actualidade internacional me fascinou. A constante mutação e actualização das temáticas, sempre se revelaram um desafio muito apelativo para mim. Depois, enquanto cidadã europeia que sempre me senti e fui, a UE é, desde muito cedo, um "quebra cabeças" que muito me diz.
Confrontada com o binómio: emprego estável ou uma boa experiência profissional, mesmo que temporária, por qual optarias? Boa experiência profissional.
O que significa para ti a cidadania europeia? Significa parte integrante da minha identidade. Enquanto cidadã europeia, sinto-me extremamente grata e orgulhosa por pertencer a este continente tão rico e único. Obviamente que quando me perguntam de onde sou respondo Portugal em primeira instância mas, é com igual naturalidade e espontaneidade que digo sem hesitar, que sou 200% europeia. A minha identidade, cultura e sentimento de pertença é um mixdas diversas culturas existentes um pouco por todo o velho Continente. Se por um lado sinto afinidade com o sentido prático e organizado dos nórdicos ao mesmo tempo que sinto particular simpatia pela pontualidade britânica, é inegável a minha forte identificação e ligação umbilical com a cultura extrovertida e alegre dos povos do sul da Europa. Ser Europeu, e ter cidadania europeia para mim é isto: ter, ser e sentir um bocadinho de cada recanto europeu em nós, nosso dia a dia seja da forma que for.
O que é para ti, a livre circulação na UE? Já não me imagino de outra forma. Aliás, sempre fui Schengen desde que me lembro e por isso, não sei como é viver de outra maneira. Posso imaginar, mas dificilmente conseguirei ter a percepção correcta e fidedigna do que será querer atravessar as fronteiras do nosso país e precisar de 1001 burocracias. É-me difícil perceber a histórica utopia de atravessar 3 ou mais países no mesmo dia. Geoger Steiner dizia num dos seus axiomas sobre a Ideia de Europa: a Europa é transponível a pé. E de facto é. Hoje em dia conseguimos percorrer 3, 4 ou 5 países num par de dias. Se as nossas fronteiras são tão próximas, se estamos tão ligados, cultural e geograficamente, não fazia sentido uma Europa que não se ligasse livremente e onde a circulação não fosse promovida em prol da nossa própria identidade comum.
Se tivesses de descrever a União Europeia em 3 adjectivos quais seriam?Complexa, Similar, Desafiante.
Como gostarias que a União Europeia se desenvolvesse no futuro próximo e em que tipo de União Europeia gostarias de viver em 2020? Enquanto federalista assumida que sou, sonho com uma verdadeira União Europeia unida como ambicionava o autêntico e estruturante plano deste grandioso projecto. Os ideais estão lá desde a década de 50. Mas, o que falta? A vontade. Falta a verdadeira vontade de compreender e ver na união de povos com tantas semelhanças e diferenças capazes de nos aproximar que, juntos podemos de facto ser e fazer mais e melhor. E sem querer entrar em ideias românticas, irrealistas e platónicas, acredito que se os 500 milhões de cidadãos/ãs europeus compreenderem que podemos de facto ser grandiosos e sonhar com algo melhor, a União Europeia poderá caminhar a passos largos para um futuro comum que não é necessariamente utópico. Esta é a União Europeia com que eu sonho e que, gostaria de facto, um dia ver implementada e completamente estruturada. Mas daqui até lá, um longo longo percurso temos pela frente. Não é a UE que prevejo em 2020. Não, de todo. Vejo sim uma União que continuará a enfrentar desafios para os quais não está preparada pois nunca os equacionou. Vejo uma UE que se fica no momento de acção. Mas vejo também nela pessoas capazes e com vontade de a fazer agir e quebrar esta corrente de inacção e bloqueios a que temos assistido. Acredito em pessoas que acreditam no projecto europeu e que trabalham nesse sentido. Da minha parte, procurarei fazer desse o meu fado e lutas diárias.
O que poderias mudar pela UE e o que a UE poderia fazer por ti? Quanto ao que poderia mudar pela UE, acho que todos nós podemos (e devemos) fazer um pouco. Começando por torna-la um local mais aconchegante, livre de conflitos e discriminações seja de que tipo for. Mais solidária. Se começarmos por aí, acredito que já será um grande e importante passo para uma verdadeira e visível mudança. Quanto ao que a UE poderia fazer por mim, não hesitaria em dizer que poderia mudar a forma como actua nas questões centrais e fulcrais para o desenvolvimento da mesma: uma actuação una e a uma só voz é urgente. Deixemos os clichés de lado e passemos a enfrentar a dura realidade que vivemos nos dias de hoje no velho continente. Porque se por um lado vivemos dias complicados e desafiantes, vivemos numa das Eras mais férteis em conhecimento académico e tecnológico, temos, no continente Europeu, dos maiores experts nas mais diversas áreas. Aproveitemos o culto do saber e do conhecimento que faz parte de nós desde cedo e mudemos, de vez, por todos nós. Façamos desta União uma União capaz de finalmente se sentir orgulhosa de si própria. Solidária, eficaz e exemplar.
Qual a tua posição perante o projecto Europeu? Penso que não alcançámos ainda o verdadeiro projecto Europeu. Schuman deve na verdade andar revoltadíssimo com o que fazemos cá por baixo. Ou o que não fazemos … Na verdade, penso que ainda temos um longo caminho por trilhar. O que fizemos até então fora sem dúvida de importância extrema porém, temos muito ainda que reflectir, reedificar, solidificar e concretizar. O projecto Europeu ainda não está solidificado mas também não está morto. Reergamos a sua essência, trabalhemos a sua vontade e aí sim, acredito que juntos podemos falar de um projecto completo, estruturado e definido para e por toda a Europa.